Julio Artur da Silva Poma (Lisboa, 10 de janeiro de 1926 — Lisboa, 22 de maio de 2018 foi um artista plástico/pintor português. Pertenceu à 3ª geração de pintores modernistas portugueses, sendo autor de uma obra multifacetada, centrada na pintura, desenho, cerâmica e gravura, com importantes desenvolvimentos nos domínios da tridimensão (escultura; assemblage) ou da escrita. Os primeiros anos da sua carreira estão ligados à resistência contra o regime do Estado Novo e à afirmação do movimento neorrealista em Portugal, marcando a especificidade deste no contexto europeu. Teve uma ação artística e cívica intensa ao longo das décadas de 1940 e 1950 e é consensualmente considerado o mais destacado dos cultores do neorrealismo nacional.
Começa a distanciar-se do ativismo político e do idioma figurativo inicial na segunda metade da década de 1950 e, em 1963, radica-se em Paris. Sem nunca abandonar o pendor figurativo, liberta-se do compromisso neorrealista, enveredando pela "exploração de práticas pictóricas diversas que o centrarão na pintura enquanto tal, interrogando as suas formas, composições e processos, pintando das mais variadas maneiras na exploração ou na recusa das possibilidades que o seu tempo lhe abriu".[5]
Ao longo das últimas quatro décadas tem abordado uma grande variedade de universos temáticos, da reflexão autorreferencial ao erotismo, do retrato às alusões literárias e matéria mitológica. E do ponto de vista formal encontramos idêntica riqueza de meios e soluções. "A obra de Júlio Pomar constrói sucessivas cadeias de relações formais e semânticas entre os diferentes materiais, processos e técnicas".
Grandes exposições realizadas nas últimas décadas (Fundação Calouste Gulbenkian; Museu de Arte Contemporânea de Serralves; Sintra Museu de Arte Moderna – Coleção Berardo; museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília; etc.) consagraram a sua obra, que se destaca como uma das mais significativas expressões da criação artística portuguesa contemporânea.[6]
Em Junho de 1963 fixa residência em Paris. A mudança representa o afastamento definitivo da ação cívica que marcou o arranque da sua carreira; irá regressar a Portugal apenas de forma esporádica e só vinte anos mais tarde adquire uma casa em Lisboa para aí instalar um segundo ateliê. Expõe individualmente em Lisboa ( Galeria do Diário de Notícias, 1962, 1963) e em Paris (Galerie Lacloche, 1964, 1965), cidades onde irá expor com regularidade ao longo dos anos e construir uma carreira estável.
Pomar_O_banho_turco_1971
Décadas de 1940 e 1950
O banho turco, 1971, acrílico sobre tela, 161 cm x 130 cm
A obra de Júlio Pomar dá os primeiros passos no início da década de 1940. Datam de 1942 os trabalhos expostos na Rua das Flores e, de 1944, duas pinturas reveladoras de uma maturidade invulgarmente precoce e de abertura às linguagens da modernidade: Pintura e Café. Mas é no ano imediato que cria Gadanheiro, o "primeiro quadro-manifesto" do neorrealismo português. Este será "o mais conseguido de uma série de quatro óleos, quase todos de grande formato, portadores de uma ambição pictural e política desmesuradamente heroica para a experiência do pintor", e que marcam um momento decisivo de viragem na sua obra.
Realizado durante a IX Missão Estética de Férias, Évora, Gadanheiro seria depois exposto na Sociedade Nacional de Belas Artes. Pomar efetua um desvio temático e formal, evocando um simples trabalhador rural através de um sistema de representação de pendor realista capaz de dar forma aos seus novos objetivos. "A concretização do projeto revolucionário sustenta-se aí numa firme estrutura compositiva diagonal e numa construção de profundidades espaciais, na paisagem estudada com T. Benton, que ampliam ameaçadoramente o movimento da figura do camponês brandindo a foice como uma alavanca que mudaria o mundo"
Prémio de Gravura, I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, 1957.
1º Prémio de Pintura, II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, 1961.
Prémio Montaigne da Fundação FVG, Hamburgo, 1993.
Prémio AICA-SEC atribuído pela secção portuguesa da Associação Internacional dos Críticos de Arte, 1995.
Prémio Celpa / Vieira da Silva, 2000.
Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, 2003.
Prémio Autores de 2010.
Prémio de Artes Casino da Póvoa, 2012.
Prémio Bissaya Barreto, 2018, para as ilustrações do livro, "O cão que comia a chuva", com texto de Richard Zimler.
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